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Última Atualização: 22 de dezembro de 2023

O uso do salto alto

O uso do salto alto é muito comum entre as mulheres. E a escolha desse tipo de calçado, buscando beleza em detrimento do conforto, pode ser muito prejudicial para a saúde. O salto alto causa diversas alterações biomecânicas no corpo da mulher, alterando centro de massa, posição das articulações dos pés, tornozelos, joelhos, quadris, pelve e coluna.
Um salto de até 3 cm de altura ainda é “inofensivo”. Mas sabemos que normalmente os saltos ultrapassam, e muito, essa altura. Para se ter uma ideia, o salto usado pelas mulheres no dia a dia varia de 6 a 10 cm de altura. Já um salto usado por modelos possui pelo menos 11 cm, bem além da altura “inofensiva”.

O uso do salto alto com pouca frequência não representa risco para a mulher. No entanto, com o uso contínuo e frequente essas alterações começam a estressar os tecidos do corpo, gerando dor e lesões.

As alterações que o corpo sofre em cima do salto alto

As alterações começam no pé. O salto alto eleva significantemente o calcanhar da mulher, mantendo-a na ponta do pé o tempo todo. A princípio isso faz com que o centro de massa seja deslocado para frente. Sendo assim uma maior pressão é colocada sobre a região dos metatarsos (ponta dos pés). Para que a mulher não caia para frente todas as articulações acima têm que passar por alterações, a fim de manter a mulher em pé e ereta. O tornozelo fica em flexão plantar (esticado), o joelho fica semiflexionado e a pelve sofre uma anteversão (empinando os glúteos), o que causa um aumento da lordose lombar.

As dores do uso frequente do salto alto

Cada uma dessas alterações representa um risco para as articulações relacionadas. O aumento da pressão na ponta do pé (metatarsos) pode levar a quadros graves de metatarsalgia (dor nos metatarsos) e Neuroma de Morton (lesão no nervo que passa entre os metatarsos). O tornozelo nessa posição gera um encurtamento do músculo da batata da perna (causando dor no tendão de Aquiles e calcanhar), a posição do joelho resulta em um estresse na região da patela, podendo ocasionar fortes dores e, mais seriamente, lesão na articulação (condromalácia patelar). A posição da pelve e da coluna lombar pode levar a dores na coluna (lombalgia).

Diante disso, fica evidente que o salto alto, apesar de trazer beleza e estilo à mulher, representa um risco se usado com muita frequência. Portanto, na hora de escolher o salto alto, a atenção e o cuidado valem a pena, a fim de evitar dores e até lesões mais sérias.
Veja na ilustração abaixo como o corpo reage sobre o salto alto.

salta alto dor no pé

Salto alto

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Mateus Martinez
Mateus Martinez
Atualmente é diretor de fisioterapia da Pés Sem Dor. É mestre em fisioterapia esportiva pela The University of Queensland, Austrália (2015). Especialista em Dry Needling (agulhamento a seco) pela Combined Physio Austrália. Graduado em fisioterapia na USP - Universidade de São Paulo (2011). É professor convidado da pós-graduação do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP). Foi fisioterapeuta da equipe Vôlei Brasil Kirin (2013) e Medley Campinas (2011-2013). Foi professor de anatomia e patologia básica para curso técnico de radiologia da Escola Profissionalizante CETEP (2012-2013) e é sócio proprietário da Clínica LM Saúde. É co-autor de 6 estudos sobre saúde dos pés, possui mais de 170 artigos escritos sobre saúde dos pés no site da Pés Sem Dor e é criador de conteúdo no canal do Youtube da Pés Sem Dor, onde fala sobre saúde, bem estar e dores nos pés, tornozelos e joelhos para +160 mil inscritos. Profissional com registro no crefito: 162983-F
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