Tendinites no Tornozelo: Tratamento
A tendinite no pé é uma condição que afeta os tendões do pé, e pode ocasionar edemas, inchaços e dores na região afetada. A tendinite no pé é comum, pois essa região tende a ser sobrecarregada com facilidade.
O QUE É A TENDINITE?
A tendinite é uma patologia que pode afetar tendões do corpo inteiro. Ela atinge com mais facilidade os pés e tornozelos, devido à sobrecarga que essa região fica exposta durante as atividades diárias. Os adultos que praticam atividades físicas são os que mais sofrem com essa enfermidade.
O tendão é um cordão resistente, constituído por um tecido fibroso. A sua função é tracionar o osso durante o processo de contração muscular, realizando o movimento de uma articulação. O processo inflamatório desse tecido é chamado de tendinite. Tal condição pode ocasionar edemas, inchaços e dores na região afetada.
De acordo com o estudo “Tendinopathies of the Foot and Ankle”, sabe-se hoje que o processo inflamatório pode rapidamente evoluir para uma condição degenerativa do tecido. Por isso, está cada vez mais comum ouvir falar em tendinopatia ao invés de tendinite. A maneira de se abordar e tratar essas patologias também sofreu algumas modificações. Enquanto antes os cuidados eram apenas esperar os sinais inflamatórios passarem, hoje já se pensa na restauração do tecido lesado.
CAUSAS DA TENDINITE
A tendinite pode ser aguda ou crônica. Nas lesões agudas, os fatores externos à natureza do indivíduo predominam – conhecidos como agentes extrínsecos ao trauma. Enquanto que nas lesões crônicas, distúrbios extrínsecos e intrínsecos, pertencentes ao indivíduo, comumente interagem.
Exemplos de fatores intrínsecos são: idade, sexo, peso corporal e altura, instabilidade lateral do tornozelo, doenças sistêmicas, vascularização do tendão e a força muscular. Certos fatores extrínsecos também podem provocar a tendinite, como calçados, lesões anteriores e mudanças no padrão de treinamento.
Algumas causas, ligadas à inflamação dos tendões, não poderão sofrer mudança, como idade e sexo. Entretanto, outros fatores podem ser modificados para diminuir as chances de uma tendinite. Veja as mais importantes abaixo:
Sobrecarga
A principal causa de tendinite é a carga excessiva sobre o tendão durante as atividades físicas diárias. Esse fator é decorrente do aumento repentino de massa corporal, ou de exercícios sem preparação muscular adequada. Os tendões são feitos para suportar carga, porém, quando eles ficam sobrecarregados, aumenta-se o risco de lesão.
Quando a musculatura não é capaz de realizar a contração ideal, a tração é conduzida para os tendões em maior quantidade. O estresse sobre o tecido gera micro traumas que, sem o tempo suficiente para recuperação, não conseguem ser inteiramente restaurados. Dessa forma, o tecido perde a resistência em relação à tração, e as micro lesões aumentam. Esse crescimento da lesão provoca a inflamação dos tendões, que leva o nome de tendinite.
Por isso, é importante manter o peso ideal e realizar os treinos progressivos. Uma boa preparação muscular evita a sobrecarga nos tendões e estabiliza melhor as articulações dos membros inferiores.
Desalinhamento articular
A pisada incorreta causa o desalinhamento de tornozelo e provoca a inflamação nos tendões. Com o desvio das articulações, os tendões que passam pela região podem sofrer estiramento ou compressão, dependendo do seu posicionamento em relação ao desvio.
No desalinhamento em valgo do tornozelo, a articulação desloca para dentro. Esse tipo de desvio está ligado à pisada pronada, que é quando o peso do corpo se concentra na região interna dos pés. Neste caso, os tendões que passam pela região interna do tornozelo irão sofrer maior estiramento.
Já no desvio em varo do tornozelo, a articulação desloca para fora. Os tendões que passam na parte externa dessa estrutura tendem a sofrer com o tracionamento excessivo. Esse tipo de desalinhamento do tornozelo geralmente está ligado à pisada supinada.
O tendão de Aquiles será prejudicado em ambas as condições, qualquer que seja o tipo de desalinhamento. Por conta da direção de tração do tecido, que é perpendicular ao solo, qualquer desvio articular irá interferir no funcionamento do tendão, que está localizado na região posterior do tornozelo.
Formato dos pés
O arco longitudinal do pé tem a função de realizar o amortecimento da pisada. Logo, um pé chato, que tem praticamente toda a região da sola do pé encostada no chão, ou o pé cavo, cujo arco é alto, terão dificuldade para amortecer as cargas que chegam nos pés. Essa sobrecarga pode dificultar o trabalho dos tendões, deixando-os mais expostos a lesões.
Traumas
As lesões por fatores externos, como pancadas e entorses, podem causar o estiramento brusco dos tendões, levando à inflamação desse tecido. Geralmente, quando não produzem sinais intensos, os traumas são negligenciados, o que pode levar a um tratamento inadequado. Quando mal recuperadas, as lesões geram tecidos frágeis que promovem a instabilidade articular – outro motivo causador de tendinites.
Instabilidade
A falta de estabilidade do tornozelo é bem comum em pessoas que já tiveram entorse.
A inconsistência contribui muito para o desenvolvimento da tendinite no local, assim como as lesões prévias. Após um trauma, se houver lesão ligamentar, o tecido ficará fragilizados e a estabilidade articular comprometida, já que estes tecidos são responsáveis por manter a região firme.
Treinos inadequados
Vários estudos correlacionam a tendinopatia com o excesso de exercício. Essa lesão, por conta de treinos excessivos, tem mais chance de acontecer quando algo no treino muda, como a intensidade, o treinamento ou a duração da atividade física. Por isso, ter um bom treinador, que planeje corretamente a progressão dos treinos e corrija os movimentos realizados, é indispensável para evitar lesões.
Principais tendões afetados pela tendinite de tornozelo
– Tendinopatia do tibial posterior: é uma lesão do tendão estabilizador dinâmico do arco. O trauma desse tecido pode causar o desabamento do arco com o valgo de tornozelo, levando à patologia conhecida como pé chato adquirido. A tendinopatia é determinada por sua gravidade e pode incluir imobilização, órteses, fisioterapia;
– Tendinopatia do fibular: muitas vezes é diagnosticada erroneamente. Essa lesão pode causar uma dor crônica na lateral do tornozelo. O tratamento envolve fisioterapia e monitoramento próximo, feito por um especialista, para avaliar se há ou não necessidade de cirurgia;
– Tendinopatia de Aquiles: é frequentemente causada por excesso de treinamento em superfícies inclinadas ou pela baixa flexibilidade da musculatura da panturrilha. É caracterizada por dor no tendão de Aquiles, 4 a 6 cm acima do ponto de inserção no calcâneo. Evidências de estudos clínicos mostram que o fortalecimento excêntrico do músculo da panturrilha ajuda quem sofre com tendinopatia de Aquiles;
– Tendinopatia do flexor longo do hálux: é mais comum entre os bailarinos. Normalmente as pessoas se queixam de dores na região póstero-medial do tornozelo, com caráter transitório – elas começam fracas e pioram ao longo do tempo. O tratamento envolve correção de erros de treinamento físico, foco na mecânica corporal e fortalecimento do núcleo do corpo;
– Tendinopatia do tibial anterior: é uma tendinopatia rara, mas é tipicamente observada em pacientes com mais de 45 anos. Ela causa fraqueza na dorsiflexão do tornozelo (movimento de elevação da ponta do pé). O tratamento dessa patologia envolve imobilização de curto prazo e fisioterapia.
SINAIS E SINTOMAS DA TENDINITE NO PÉ
Pessoas com tendinite apresentam um início progressivo de dor, na região do tendão afetado, que piora com a atividade física. Nos estágios iniciais da doença, a dor é menos intensa após um bom aquecimento ou períodos prolongados de repouso. Já em fases mais avançadas, a dor pode estar presente até mesmo em repouso, apresentando piora com a prática de atividades físicas. Em muitos casos, a lesão ocorre após o envolvimento em um novo esporte ou aumento da intensidade do exercício.
Durante uma avaliação física, o especialista observa a área afetada para identificar assimetrias, inchaços ou atrofia muscular. O enfraquecimento do músculo prejudica a ativação desse tecido, que ligado ao tendão lesionado, pode ficar dolorido ou mais fraco durante a locomoção. Com isso, o movimento articular fica limitado.
Quando o tendão está inflamado, pode-se causar dor através de uma palpação mais intensa ao longo do tecido. É importante observar o alinhamento biomecânico dos pés e tornozelos na posição estática e ao longo do ciclo da marcha para entender o motivo causador da tendinite. Dor em múltiplos tendões ou articulações pode ser a manifestação de uma doença reumatológica (artrite).
PREVENÇÃO E TRATAMENTO
Caso a dor atinja regiões próximas aos tendões, o ideal é procurar um especialista para que ele verifique a origem do problema. Somente após o diagnóstico correto é possível planejar um tratamento eficiente. Para a prevenção da tendinite, recomenda-se:
Método “PRICE”
A sigla vem do inglês e significa: proteção, repouso, gelo, compressão e elevação. Esse protocolo deve ser seguido durante a fase aguda do processo inflamatório, nos 3 primeiros dias.
– Proteção: deve-se proteger a região lesionada de novas possíveis lesões, evitando colocar peso sobre o membro. Para isso, utilize muletas ou bengalas;
– Repouso: é fundamental que o corpo tenha tempo suficiente para se recuperar. Para isso, evite atividades com carga. A movimentação articular é permitida, desde que não gere desconforto.
– Gelo: é recomendado para diminuir o edema (inchaço) e reduzir a dor. A aplicação deve ser feita de 15 a 20 minutos. O gelo tem um efeito clínico reconhecido, que diminui a dor e a inflamação. Acredita-se que seu efeito analgésico está ligado à diminuição da velocidade de condução nervosa, enquanto que o efeito anti-inflamatório acontece por conta da vasoconstrição local e da regulação do metabolismo celular;
– Compressão: utilize uma bandagem elástica para realizar a compressão local. Isso ajuda a evitar o acúmulo de líquido na região e a melhorar a estabilidade articular durante a recuperação do tendão. É importante verificar se a compressão não está restringindo a circulação sanguínea no local;
– Elevação: posicionar o membro atingido para cima ajuda no retorno da linfa e do sangue venoso. O recomendado é que a região fique acima do nível do coração para minimizar as chances de edema. Sem o inchaço, preserva-se a mobilidade articular, e o processo de recuperação do tecido é mais rápido.
Aquecimento
Exercícios feitos com menor carga e intensidade, que estimulam os principais grupos musculares utilizados durante a atividade física, são de extrema importância para evitar as lesões. O aquecimento aumenta a circulação sanguínea, melhorando a resposta muscular e a estabilidade articular. Além disso, a movimentação melhora também a lubrificação articular e o espessamento das cartilagens.
Peso
Os pés e tornozelos sustentam o peso do corpo, e ficam muito vulneráveis quando há excesso de peso. Manter o peso ideal, de acordo com o IMC, evita a sobrecarga das articulações e diminui a probabilidade de lesão nos tendões da região. Procurar um nutricionista e um endocrinologista pode ajudar a chegar no peso desejado.
Exercícios de equilíbrio
Os treinos de equilíbrio melhoram a estabilidade articular, evitando que os pés e tornozelos fiquem desalinhados. Dessa maneira, diminui-se a probabilidade de lesão na articulação, principalmente nos tendões.
Palmilha personalizadas
A utilização dessa interface melhora a acomodação dos pés nos calçados, proporcionando conforto e estabilidade. Além disso, as palmilhas feitas sob medida ajudam a corrigir o desvio e melhorar o amortecimento da pisada, evitando a sobrecarga dos tendões.
Tornozeleira
Existem, no mercado, diversos tipos de tornozeleiras que ajudam a melhorar a estabilidade dos pês e tornozelos. Os mais simples realizam apenas uma pequena compressão no local. Outros modelos mais elaborados possuem talas rígidas para evitar os desvios articulares. A tornozeleira deve ser escolhida de acordo com o nível de comprometimento da lesão e conforme a adaptação de quem irá utilizar.
Calçados
Sapatos com solados muito desgastados podem favorecer o desalinhamento dos pés e tornozelos, especialmente se o desgaste for em uma das laterais. Neste caso, a troca do calçado é importante para evitar as tendinites.
Medicamentos
A utilização de remédios anti-inflamatórios e analgésicos ajuda a conter a inflamação e a minimizar a dor. Devido aos efeitos adversos que a automedição pode causar, o ideal é procurar um médico para prescrever o melhor medicamento.
PALMILHAS E SAPATOS SOB MEDIDA PÉS SEM DOR® PARA TENDINITE NA REGIÃO DO TORNOZELO E PÉ
As palmilhas e sapatos sob medida promovem o conforto, corrigem possíveis desalinhamentos e ajudam a diminuir as cargas que podem sobrecarregar os tendões dos membros inferiores. Ambos são produzidos com tecnologia 3D e precisão digital milimétrica.
Esse processo começa com uma avaliação minuciosa, feita pelos nossos especialistas, que coleta todo o histórico de lesões e todas as características das dores. Os profissionais irão utilizar o baropodometro para saber se há desalinhamento de pisada e sobrecarga em alguma região do pé. Os escâneres serão utilizados para coletar informações como: comprimento e largura dos pés, e a altura e o posicionamento do arco plantar.
Veja todos os benefícios das palmilhas e sapatos sob medida:
- Eliminação ou redução da dor;
- Prevenção de lesões;
- Aumento do conforto;
- Encaixe perfeito;
- Mais tempo em pé sem dores;
- Prevenção de progressão de patologias;.
- Melhora do amortecimento de impacto;
- Melhora do desempenho esportivo.
CIRURGIA PARA TENDINITE NO PÉ
Em casos mais graves, com degeneração do tendão, procedimentos cirúrgicos podem ser necessários para garantir a funcionalidade das articulações. Procure um médico, para que ele faça uma avaliação e escolha o melhor procedimento cirúrgico a ser realizado.
CALÇADOS
Os calçados são fatores de extrema importância para a saúde dos pés. Eles podem ser os responsáveis pelas dores no pé, calcanhar e tornozelo. O problema acontece quando:
– O solado é muito rígido, dessa forma, ele não absorve o impacto;
– O calçado é muito baixo no calcanhar e nas laterais, não oferecendo estabilidade para o tornozelo;
– Possuem salto alto, o que diminui o equilíbrio e deixa o tornozelo vulnerável;
– A parte de trás é rígida e aperta a região do calcanhar e do tendão do calcâneo, podendo causar bolhas, inflamação, dor no Tendão de Aquiles e na Bursa.
O melhor para esses casos é usar sempre sapatos sob medida e palmilhas ortopédicas sob medida, que diminuem o impacto sobre os pés e protegem o calcanhar.
ESPORTES
No esporte, as tendinites são muito comuns devido aos movimentos repetitivos e a intensidade de treino. Pesquisas tem sido feitas com várias modalidades esportivas, como vôlei, basquete e corrida. Atualmente, há um número crescente de adeptos à corrida, por ser um esporte de fácil acesso sem necessidade de quadra ou time.
Entretanto é importante destacar a necessidade de ter um acompanhamento neste esporte. Muitas pessoas tendem a colocar os tênis e sair correndo pelas ruas, o que aumenta o risco de gerar uma inflamação nos tendões. Erros de pisada e progressão de treino inadequados podem ser percebidos e corrigidos pelo treinador.
DICAS E CURIOSIDADES SOBRE TENDINITE
Todas as dores devem ser avaliadas por um especialista para que o tratamento seja planejado adequadamente. Alguns procedimentos simples podem ser realizados simultaneamente ao tratamento sugerido, com o intuito de agilizar a recuperação.
Repouso
Principalmente durante as primeiras 74 horas de dor, evite realizar atividades que sobrecarreguem a região inflamada. Esse tempo em repouso ajuda o corpo a se recuperar sem passar por grandes estresses. Aumentar o intervalo entre um treino e outro também ajuda a melhorar a dor quando ela não é tão intensa.
Gelo
A aplicação de gelo nos primeiros dias é fundamental para aliviar a dor e conter o processo inflamatório exacerbado. Utilize uma bolsa de gelo sobre o tendão inflamado durante 15 a 20 minutos.
Exercícios
A falta de movimentação durante um longo período pode levar a perda da massa muscular, deixando a articulação menos protegida. Para evitar possíveis lesões, recomenda-se, após os 3 primeiros dias, estimular a movimentação, desde que ela não gere dor. Aos poucos, tente ir ampliando a movimentação.
Alongamento
É normal sentir a diminuição do comprimento do tendão após a tendinite. Isso é uma resposta do sistema de proteção do corpo. Por isso é importante que, durante a recuperação, a musculatura correspondente ao tendão lesionado seja fortalecida e alongada, para aliviar a tensão sobre o tecido machucado. Esse alongamento deve ser progressivo para que a região não seja afetada.
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LINKS EXTERNOS
1) Tendinopathies of the Foot and Ankle | American Family Physician;
2) Current Concepts Review: Peroneal Tendon Disorders | American Orthopaedic Foot & Ankle Society;
3) Achilles tendinopathy: aetiology and management | Journal of the Royal society of Medicine;